sexta-feira, 13 de abril de 2012


10 Clássicas Desculpas para a não Observância do Sábado

Numa análise crítica elogiosa do livro do Dr. Samuele Bacchiocchi, Divine Rest for a Restless Humanity [Divino Descanso Para Uma Humanidade Intranqüila] a tradicional revista evangélica americana Christianity Today menciona que o mandamento do sábado é o “mais negligenciado” na sociedade moderna. E as desculpas com que se busca justificar tal negligência são várias, mas alistamos 10 das mais “clássicas”, porém não menos “esfarrapadas”.
1 – A lei foi inteiramente abolida, restando-nos agora apenas os mandamentos de amor a Deus e ao próximonão mais o velho código de leis veterotestamentário, mas regras esparsas aqui e acolá pelo Novo Testamento; nada de codificação legal à base do “faça isso” ou “não faça aquilo”.
Ponderações para reflexão: Os princípios de amor a Deus e ao próximo são só do Novo Testamento? Que tal examinar Levítico 19:18 e Deuteronômio 6:5? Também no Novo Testamento temos inúmeras regras de “faça isso” e “não faça aquilo”. Os autores do Novo Testamento não dizem simplesmente: “Contemplem a Cristo e isso é tudo quanto precisam fazer. Não se preocupem com regras nenhumas, de fazer isto ou não fazer aquilo”. O contemplar a Cristo, porém, deve motivar o crente e buscar saber como melhor servi-Lo, e quantas instruções específicas se acham nas páginas neotestamentárias a respeito do que fazer e não fazer. Eis alguns exemplos tomados ao acaso: “compartilhai as necessidades dos santos”“praticai a hospitalidade”“não sejais sábios aos vossos próprios olhos”;“apresentai os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”“lançai fora o velho fermento”“não vos associeis com os impuros”“fugi da impureza”“se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo”“não havendo intérprete, fique calado na igreja”; “tornai-vos à sobriedade”; “orai sem cessar”.
2 – A lei no Velho Testamento era apenas uma espécie de “rascunho” para a superior lei do Novo Testamentoo Novo Concerto representa uma inteira mudança nas “regras do jogo” religioso, pois o Espírito é que ilumina a obediência para o cristão através da “lei de Cristo”, que também é a “lei da graça”, mas ainda a “lei da fé”, e, ademais, a “lei da liberdade cristã”.
Ponderações para reflexão: A Bíblia diz que Deus é o mesmo ontem, hoje e para sempre. E se “a lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma” (Sal. 19:7), como poderia Deus dar uma lei “de 2a” para o Seu povo no Velho Testamento, reservando a “lei de 1a.” para o Novo? O que a Bíblia diz no Novo Testamento é que “a justiça da lei” se cumpre na vida dos que são guiados pelo Espírito (Romanos 8:3, 4, 7 e 8) e não que o Espírito dá uma nova lei.
3 – Guardar o sábado “judaico” seria posicionar-se “debaixo da lei”, mas nós agora estamos é “debaixo da graça”.
Ponderações para reflexão: Por que somente atribuem ao mandamento do sábado o qualificativo de “judaico”, embora os outros nove pertençam ao mesmo código? O estar“debaixo da lei”, tanto no contexto de Rom. 6:14 quanto Gálatas 5:16-21 significa estar vivendo na prática do pecado, e não em obediência a essa lei. O início de Rom. 6:14 declara,“porque o pecado [não a lei] não terá domínio sobre vós”. A definição bíblica de pecado encontramos em 1 João 3:4–”pecado é transgressão da lei”.
4 – O sábado é mandamento “cerimonial”, e não moral, pois a Bíblia não diz que Adão o guardasse; tampouco há divisão na lei em mandamentos morais, cerimoniais, civis, etc.sendo tal divisão uma “invenção despropositada dos sabatistas”.
Ponderações para reflexão: Adão era homem ou era bicho? Sim, porque Jesus declarou que “o sábado foi feito por causa do homem” (Marcos 2:27). Se Adão era homem então o mandamento do sábado foi estabelecido para ele também, o que é claramente indicado em Gên. 2:2, 3 e Êxo. 20:8-11. A divisão das leis em “moral”“cerimonial”“civil”,“higiênica” já era há muito reconhecida pelos autores das mais representativas Confissões de Fé da cristandade protestante da maior autoridade, fato também reconhecido por estudantes e autores bíblicos das mais diferentes igrejas cristãs ao longo da história.
5 – Quem insiste na guarda do sábado é por não ter sido “libertado” pela mensagem do evangelho, mas prefere manter-se na “escravidão da lei”os sabatistas certamente nada sabem sobre a salvação pela graça e justificação pela fé, coitados. . .
Ponderações para reflexão: Quem faz esse tipo de afirmação desconhece o pensamento oficial das igrejas cristãs observadoras do sábado. Todas elas apresentam a salvação inteiramente pela graça de Cristo, à parte das obras da lei. A questão da obediência aos mandamentos entra no campo da santificação, não da justificação. Ademais, Paulo mesmo esclarece que a fé estabelece a lei, não a anula (Rom. 3:31). Ele fala do uso legítimo da lei (1 Tim. 1:8) que certamente representa sua obediência baseada em amor a Deus e ao próximo. Disse Jesus: “Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos” (João 14:15).
6 – Nove mandamentos são repetidos no Novo Testamento, menos o do sábado.
Ponderações para reflexão: Não há nenhuma repetição ipsis literis dos mandamentos“não farás para ti imagens de escultura”, nem “não dirás o nome do Senhor Teu Deus e vão”, nada de pagar o dízimo ou proibir contato com os mortos, apenas referências indiretas aos mesmos. O objetivo do Novo Tetamento não é repetir mandamentos antigos para revalidá-los. Jesus disse que não veio abolir a lei, e sim cumpri-la e insistiu em que a obediência aos mandamentos fosse a mais perfeita possível, superior à justiça dos fariseus e saduceus (Mateus 5:19, 20).
7 – Não há obrigatoriedade de observância de dia nenhum pois o sábado era apenas “sombra” do repouso espiritual propiciado por Cristo.
Ponderações para reflexão: Se o sábado teria de ser abolido por tratar-se apenas de um símbolo, o que realmente simbolizaria? A resposta mais comum dos semi-antinomistas é de que seria símbolo do repouso que o pecador encontra em Cristo, tendo Hebreus 4 como fundamento de tal raciocínio. Isso, porém, não se justifica porque em Hebreus 11 encontramos os tantos heróis da fé que encontraram esse repouso em Cristo e nem por isso isentaram-se da observância do sábado. Sobre o próprio Moisés, o grande legislador de Israel em nome de Deus, é dito que “considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão” (Heb. 11:26).
Davi foi outro desses heróis da fé que encontraram esse repouso espiritual em Cristo. E ele declara: “Agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a Tua lei” (Salmo 40:8). Alguém negará que nessa lei que ele tinha no coração, prefigurando até a própria experiência de Cristo (ver Heb. 10:5-7 cf. Salmo 40:6-8) o sábado estaria de fora? Claro que não. Então, o principal argumento de o sábado ser mero símbolo desse repouso em Cristo pelo perdão dos pecados perde totalmente o sentido.
8 – Jesus não respeitou o mandamento do sábado, mas o transgredia sistematicamente mostrando que seria abolido em breve; Ele disse ser “Senhor do sábado” para mostrar que veio para acabar com esse terrível jugo, tão prejudicial ao homem. . .
Ponderações para reflexão: Encontramos a Cristo, em pleno exercício de Seu ministério, confrontando fariseus e saduceus no que tange à observância do sábado. É aí onde muitos se atrapalham e não percebem o sentido mais amplo e profundo desses debates e colocam a Jesus criticando os que obedecem um mandamento da lei estabelecido por Ele próprio como Criador do mundo (Heb. 1:2)! Contudo, diante das acusações contra Ele assacadas por fariseus e saduceus (e alguns evangélicos contemporâneos) Cristo Se defende declarando que fazia somente o que era “lícito” no sábado (Mat. 12:12). Também acentua ser Ele “o Senhor do sábado” (12:8), Aquele que zela pelo seu correto cumprimento, como zelou pela casa de Deus expulsando de lá os cambistas mais adiante, após ter entrado triunfalmente em Jerusalém (cap. 21:12, 13). Assim, o teor dos debates de Cristo quanto ao sábado não era SE deviam guardar o sábado, QUANDO deviam guardar o sábado, mas COMO observar o mandamento devidamente.
9 – Paulo ensinou que o sábado foi abolido na cruz; agora vale: ou qualquer dia, ou dia nenhum para o cristão, à luz de Col. 2:16 Romanos 14:5 e 6 e Gálatas 4:9 e 10.
Ponderações para reflexão: Acaso existe algum registro nas Escrituras ou na história de alguma comunidade cristã dos primeiros tempos que tinha tal regra de conduta–observar o dia que melhor conviesse, ou dia nenhum? Os textos referidos em Romanos referem-se a dias de festas nacionais ou dias de jejuns dos judeus, que Paulo deixou a critério dos crentes de origem judaica mantê-los ou não. Em Gálatas ele se refere a dias festivos do calendário pagão, a que alguns cristãos de origem gentílica ainda se apegavam, e para estes dias Paulo não abriu mão de proibir sua observância. Pode-se observar a diferença de tratamento entre as regras quanto a uns e outros. João no Apocalipse fala do “dia do Senhor” que dedicava a Deus (1:10), portanto era um dia específico, não qualquer um. Em Colossenses ele NÃO DIZ que NÃO É para guardar o sábado, e sim que não deviam deixar-se julgar pelos heréticos e extremistas de Colossos, sobre os quais não contamos com muita informação. Mas mantinham um estranho “culto de anjos” e eram cheios de regras de “não toques, não manuseies” (ver vs. 18 e 21).
10 – Não há meios de se observar o sábado universalmente pois os esquimós, por exemplo, não têm pôr do sol em que se orientar para assinalar o princípio e fim dos dias.
Ponderações para reflexão: Se há essas “dificuldades técnicas” para observar o sábado em todo o mundo, não fica implícito que Deus, afinal de contas, não é um Legislador tão competente pois não criou uma “lei perfeita? Na verdade, Deus deu a Israel a ordem de ser Suas “testemunhas” (Isa. 43:10) e colocou a nação na encruzilhada do mundo para transmitir aos moradores de toda a Terra o conhecimento do verdadeiro Deus, Sua lei e Seu plano de salvação. Prova disso temos em Isaías 56: 6, 7, onde “os filhos dos estrangeiros” são especificamente convidados a acatarem o concerto de Israel, exatamente passando a observar o sábado.
Algumas das discussões que tivemos no Fórum Evangelho parece que levaram alguns a reverem seus conceitos sobre o 4o. mandamento, admitindo a necessidade de santificar o domingo (antes alegavam não haver mais obrigatoriedade quanto a guardar nenhum dia).
Bem, pelo menos há uma nova consciência da validade do 4o. mandamento, segundo determina a lei de Deus, que não foi abolida, como confirmam as Confissões de Fé históricas da cristandade protestante e os grandes próceres, pesquisadores, autores e personalidades destacadas das diferentes igrejas evangélicas do passado e do presente.
Mas os recém-conversos à validade do domingo não devem se esquecer que as normas para a observância dominical são as mesmas aplicadas ao sábado–não é para servir só de umas horinhas de freqüência à igreja e o resto do tempo cuidando dos próprios interesses, recreando-se, vendo o Faustão e o futebol na TV. . . (o que no fundo é a prática da maioria nas diferentes igrejas evangélicas [e na católica], mesmo para os advogados do domingo como cumprimento do 4o. mandamento, pois querem é arranjar uma desculpa para justificar a não observância do sábado bíblico enquanto fazem de conta que estão respeitando os termos do mandamento segundo ressaltam os referidos Credos Históricos e próceres e autores cristãos. . .).
Então, nota-se ao menos um progresso no rumo da verdade, além da renúncia a noções falsas anteriormente mantidas.
Só falta examinar mais detidamente os dados bíblicos e históricos para constatar que a lei moral de Deus, com o seu 4o. mandamento, não sofreu qualquer alteração quando Deus prometeu escrevê-la no coração e mente dos que aceitam os termos do Novo Concerto (Novo Testamento), segundo Hebreus 8:6-10; 10:16 (cf. Jerem. 31:31-33 e Ezeq. 36:26, 27). Assim, o sábado do sétimo dia segue sendo o “dia do Senhor”, pois nada há que justifique biblicamente a mudança de tal dia para o domingo como dia de observância dedicado a Deus.
A mudança, de fato, ocorreu, mas desautorizadamente, por motivos de apostasia da liderança da Igreja em Roma, para ser “politicamente correta” diante das severas medidas antijudaicas do imperador romano Adriano pelo ano 135 AD, fato reconhecido pelas mais diferentes autoridades históricas, inclusive do seio do protestantismo, e pela própria Igreja Católica, responsável por tal alteração da lei divina. Qualquer catecismo católico denunciará mudanças desautorizadas no Decálogo: o segundo mandamento, “não farás para ti imagens de escultura” foi inteiramente eliminado, e o mandamento do sábado foi substituído pela regra “Guardar domingos e festas”, que ocupa o lugar do 3o. mandamento.
Mas vejamos alguns “sinais de perigo”, que propositadamente vamos colocar em vermelho:
# A mudança do dia de adoração não tem fundamento bíblico, e o Dia do Senhor prossegue sendo o sábado do sétimo dia, como o Criador instituiu na Semana da Criação, em comemoração do Seu ato criador. O sábado é o selo de Deus (Ezequiel 20:12 e 20:20), de que fala Apocalipse 7:3.
# A observância do domingo, como dia de adoração, não agrada a Deus, e é uma homenagem à igreja de Roma, que o sustenta desde meados do segundo século, com o decreto de Constantino em 7 de março de 321 vindo reforçar a instituição, e uma homenagem ao poder que por trás dela está.
# O mesmo Deus que não muda (Malaquias 3:6), de cuja boca saiu o que é justo e cuja Palavra não voltará atrás (Isaías 45:23), e que prometeu que não fará coisa alguma sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas (Amós 3:7), o mesmo Deus que afirmou pela boca que Cristo que não veio revogar a Lei, e que até que o céu e a terra passem nem um i ou um til jamais passará da Lei até que tudo se cumpra (Mateus 5:17-18), esse Deus, coerente com Sua Palavra que não muda,
* jamais teria autorizado alguma alteração em Sua Lei (e a mudança do sábado do sétimo dia para outro dia é alteração da Lei) sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas (e nada há na Palavra de Deus que mostre essa revelação);
* jamais teria quebrado Sua Palavra, pois Ele não muda e ela não volta atrás, pois mentiroso e pai da mentira é Satanás, que distorce as Escrituras, retirando passagens do contexto para alterar o seu sentido.
Autor: Prof. Azenilto G. Brito
Ministério Sola Scriptura
Bessemer, Ala., EUA