quinta-feira, 19 de abril de 2012


Sete anos do Papa Bento XVI

Completam-se hoje sete anos desde que o então Cardeal Joseph Ratzinger se tornou o 265º Papa, soberano do Vaticano e líder da Igreja Católica Romana.

Embora, durante estes anos do Seu pontificado, talvez seja difícil encontrar algo de especialmente extraordinário que o lancemarcada e definitivamente na História da Igreja de Roma, a sua ação tem-se pautado por muito cuidado objetivo, não evitando aqui e ali exercer a sua - e da sua igreja - auto-proclamada autoridade sobre tudo e todos, opinando não poucas vezes sobre sociedade, economia, finanças, política, isto é, todo e qualquer assunto que tenha impacto na vida das populações.

É claro que sendo chefe de estado de um dos mais minúsculos países do mundo, não podemos entender a sua ação como interna. Aliás, e fazendo um breve termo de comparação apenas pela questão da autoridade, muito se fala da forçada inexistência de oposição e contestação que existe na Coreia do Norte, entre outros países. Pois bem, creio que o Vaticano é mesmo o estado mundial onde menos se ouvem vozes discordantes, onde mais se sente e experimenta uma plena adesão à voz do dono.

Devemos clarificar que o público-alvo de tudo quanto sai do Vaticano não está no Vaticano. O mundo católico, quando muito cristão, dirão alguns, é esse público. Não posso argumentar que isso está errado. Contudo, se o Vaticano é um estado religioso, seria de esperar que a sua ação fosse predominantemente religiosa. Mas não é isso que sucede, embora o fim seja esse.

A prática demonstra que debaixo de uma formalidade religiosa, Roma está muito interessada em influir, condicionar e, por que não dizê-lo, determinar quais sejam as linhas de orientação que os líderes mundiais devem assumir, bem para além das questões diretamente religiosas.

Os sete anos de pontificado de Bento XVI não deixam margem para erro. Veja-se, por exemplo, a sua encíclica "Caritas in Veritate", publicada em 2009, que consta de umaabordagem vaticanista não especificamente a questões religiosas, muito menos exclusivamente católicas, mas elabora principalmente em torno dos graves problemas que as sociedades enfrentam, e que são tratados também por qualquer outro governante que não manifeste o mínimo de sentido religioso. E com a junção de uma proposta moral, ética, este documento quase que parece um programa de governo.

Favoravelmente aos seus interesses, a verdade é que a sua voz é sempre ouvida e reconhecida em todo o espetro político mundial. Veja, por exemplo, a visita que o presidente do Conselho Europeu, Herman von Rompuy fez ao Vaticano em novembro de 2011 e, ainda ontem, a mensagem de felicitações que o ultra-pressionado presidente sírio Bashar al-Assad enviou a Ratzinger a propósito deste aniversário de pontificado. Curiosamente, diria que Bento XVI tem mais facilmente criado consenso entre os líderes políticos do que entre os religiosos, tendo por vezes não conseguido evitar algum desconforto com algumas declarações proferidas...

Ora, todo este ativismo tem um único propósito, um único objetivo - e não, não é exatamente resolver os problemas do mundo.

Talvez deva usar as palavras de Bento XVI, proferidas da Praça de S. Pedro em junho de 2006 para sustentar o caso. Disse o líder romano: "oremos para que a primazia de Pedro confiada a pobres seres humanos, possa ser sempre exercida no seu sentido original desejado pelo Senhor, para que seja crescentemente reconhecida no seu verdadeiro significado por irmãos que ainda não estão em comunhão conosco".

Permita-me reler esta declaração de Bento XVI noutros termos para facilitar (ainda mais) a compreensão: "oremos para que a supremacia da Igreja de Roma possa ser exercida como foi praticamente desde o início e ao longo de séculos, no sentido original determinado pela própria igreja, para que o mundo inteiro a reconheça cada vez mais, incluindo aqueles que ainda não o fazem mas se devem submeter".

Daqui vem que, embora nem sempre com o maior sucesso (não é apenas os casos de pedofilia que estão a emperrar as rodas de Roma...), os esforços ecuménicos desenvolvidos são cada vez mais visíveis no sentido de atribuir ao Vaticano a liderança que tanto anseia (e conseguirá obter). Para o atento observador, Bento XVI e seus subordinados não disfarçam essa estratégia maior.

Resumindo, durante o seu mandato, o Papa tem falado repetidas vezes de questões morais e éticas como a resposta para os problemas. De facto, essa é a real a verdadeira proposta:moralidade e ética católica romanas para resolver as dificuldades mundiais. Resta saber qual o retorno que Roma irá exigir. Ou talvez até já saibamos...

A Joseph Ratzinger, desejo-lhe as maiores bênçãos de Deus. Ao Papa Bento XVI, desejo-lhe que "o que fazes, faze-o depressa"...
FONTE ;http://www.otempofinal.blogspot.com.br/